A crise está a levar os portugueses a produzirem menos resíduos. A tendência, que já se tinha verificado em 2011, acentuou-se em 2012.

Durante o ano de 2012, a Braval recolheu 14126 toneladas de resíduos recicláveis nos ecopontos existentes na área de abrangência da Braval (Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde). Em 2011 tinham sido recolhidas 15.154 toneladas, o que significa uma diminuição de 1028 toneladas, face a 2011.

Pela primeira vez, os resíduos recolhidos seletivamente na área da Braval diminuíram face ao ano anterior.

A diminuição foi mais significativa no Papel e Cartão e nas Embalagens de Plástico e Metal, com 8158 toneladas, enquanto que em 2011 este valor chegou às 8901 toneladas, uma diminuição na ordem dos 8%.

No Vidro esta diminuição foi na ordem das 300 toneladas, menos 5% que no ano anterior.

Relembre-se que, apesar desta diminuição, a recolha seletiva iniciou-se no ano 2000, com cerca de 1000 toneladas recolhidas nesse ano, estamos agora na ordem das quase 15000 toneladas.

A queda também chegou aos óleos alimentares usados, foram recolhidos 81431 litros de óleos alimentares usados, quase menos 13 mil litros que em 2011, uma diminuição de 14%, devido sobretudo ao encerramento de muitos grandes produtores, cafés e restaurantes, aliada à diminuição do consumo nas famílias.

A produção de resíduos é pois um indicador económico do desenvolvimento das sociedades em geral. Basta olhar para a média das quantidades de resíduos produzidos por habitante para constatar que os países nórdicos lideram a produção de resíduos. A produção portuguesa está abaixo da média europeia e mantém uma tendência de decréscimo.

E esta diminuição não diz respeito apenas aos resíduos domésticos, mas também aos resíduos industriais, o que indica a diminuição da produção das nossas empresas, bem como o encerramento de muitas delas.

Na área Braval, as quantidades de resíduos indiferenciados depositados em aterro também diminuíram significativamente face a 2011, menos 7 mil toneladas, o que significa um decréscimo de 7%.

Portanto, a diminuição é semelhante para todo o tipo de resíduos, o que demonstra que este decréscimo é essencialmente devido à grave crise económica que faz diminuir o consumo.

Mas existem outros fatores para esta diminuição que poderão não ser reconhecidos à primeira vista. Por exemplo: a diminuição da população residente devido ao aumento da emigração. Outro fator a ter em conta é também a alteração dos hábitos alimentares de muitas famílias portuguesas, cozinha-se mais em casa evitando o recurso ao take-away e às embalagens de comida pré-cozinhada, bem como o aproveitamento das sobras, evitando o desperdício alimentar. Por tudo isto, os resíduos são um barómetro fiel da sociedade, refletindo a evolução social, económica e tecnológica.

Outra situação para a qual a Braval tem vindo a alertar e que também contribui para esta diminuição de resíduos, são os roubos de diferentes materiais junto aos contentores. Esta situação é frequente nos centros urbanos, com veículos que circulam antes dos veículos de recolha, retirando, por exemplo, papel e cartão, metais e aparelhos elétricos.

A questão aqui é outra, trata-se de um roubo, as pessoas produziram os resíduos, tiveram o cuidado e o esforço de os separar e alguém, ilegalmente, retira esses resíduos deitando por terra o esforço das pessoas e da Braval, quer na sua recolha, quer o investimento na colocação de equipamentos para o efeito, os ecopontos.

A Braval sempre se esforçou e espera manter tarifas equilibradas, em termos de deposição de resíduos em aterro, conseguimos compreender e aceitar a diminuição de resíduos quer pelo baixo consumo, quer por consciência ecológica, mas não por roubos de resíduos. Assim, apelamos, mais uma vez, a quem testemunhar estas situações que as denuncie, de modo a que não se repitam.

Por tudo isto, pela primeira vez nos últimos 7 anos, a Braval vê-se obrigada a aumentar as tarifas de deposição em aterro.

Continuaremos a lutar por manter as tarifas mas também os postos de trabalho, para isso, poderemos ver-nos obrigados a aumentar as tarifas novamente.